segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

EXCLUSÃO SOCIAL: Só olhar para o lado

Indiferentes, fomos nos acostumando a não enxergar as pessoas, nem a fome, a miséria, o desemprego, a Aids que moram com muita gente que está ao nosso lado. A realidade que nós vivemos, a falta de horizonte para os jovens, exige de nós uma atitude. Não podemos achar normal assistirmos a cenas de fome e de dor no meio da riqueza.
A solidariedade nos diz: pertencemos a um conjunto. O que acontece a alguém, de alguma forma, acontece conosco ou se reflete na nossa vida. Muito da apatia e da insensibilidade diante da exclusão social, que leva as pessoas a verem os problemas dos pobres e problemas estruturais da sociedade como problemas dos (as) "outros (as)", tem a ver com a incapacidade de ver as relações de interdependência entre todas as pessoas e grupos.
em resumo, as pessoas excluídas estão dentro do mesmo território; da mesma sociedade e do alcance dos meios de comunicação que socializam a cultura e os desejos de consumo. Mas, ao estarrem excluídos (as) do mercado de trabalho, estão excluídos (as) do mercado consumidor e das relações sociais reconhecidas pela sociedade.
Estar excluído (a) do consumo não significa somente ter dificuldades em satisfazer as necessidades básicas. Mas também dificuldades na construção da identidade e no relacionamento com outros grupos sociais. Em uma "cultura do consumo", como a que estamos vivendo, o que uma pessoa consome é um elemento importante na definição da pertença a um grupo e na diferenciação em relação a outras pessoas e/ou grupos. Muitos grupos e turmas de jovens são formados a partir do compartilhar os mesmos gostos e padrões de consumo. Assim, estar excluído significa ter uma baixa auto-estima e estar fora das relações sociais que são reconhecidas pela sociedade.
A figura do (a) excluído (a) entra nas nossas vidas como uma "perturbação", seja através das cenas que passam na TV ou das pessoas que cruzamos pelas ruas.
Pertuba-nos porque nos embaraça e incomoda. é também, uma perturbação que pode nos desinstalar, obrigando-nos a uma mudança ou exigindo uma resposta no sentido de dar uma explicação que permita integrar esta experiência na nossa maneira de ser, viver e olhar o mundo.
Muitas vezes fazemos listas de ações e de objetivos para transformar a nossa vida. Pensamos em novas propostas e atitudes que conduzam ao nosso bem-estar interior. Podemos não devemos perder de vista que a felicidade é o resultado de atitudes simples que fazem a diferença não só em nós como também no meio em que vivemos. Participar da comunidade, ajudar outras pessoas ou contribuir para a melhoria do bairro, da cidade e do país é também um meio de crescimento e de realização.

Por: Rui Antônio de Souza
Jornal Mundo jovem, Ano XLIV, nº 371/ outubro de 2006.

SOCIEDADE INCLUSIVA

Nossa sociedade ainda não é inclusiva. Há grupos de pessoas discriminadas até mesmo nas denominações que recebem: inválido, excepcional, deficiente, mongol, down, manco, ceguinho, aleijado, demente...
     Tais palavras revelam preconceito. Através delas estamos dizendo que certas pessoas precisam mudar para que possam conviver na sociedade. O problema é do surdo, que não entende o que é dito na TV, e não da emissora, que não coloca a legenda; é do cego, por não saber das novas leis, e não do Poder Público, que não as divulga oralmente ou em braile; é do encadeirado, que não pode subir escadas, e não de quem aprovou uma construção sem rampas. Assim, dizemos que é responsabilidade da pessoa com deficiência a sua integração à sociedade.
     O termo inclusão indica que a sociedade, e não a pessoa, é que deve mudar. Para isso, até as palavras e expressões para designar as diferenças devem ressaltar os aspectos positivos e, assim, promover mudança de atitudes em relação a essas diferenças.
     A limitação da pessoa não diminui seus direitos: é cidadã e faz parte da sociedade como qualquer outra. Chegou o momento de a sociedade se preparar para lidar com a diversidade humana.

FONTE: Cartilha da Inclusão dos Direitos da Pessoa com Deficiência - PUC Minas Gerais.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A GEOGRAFIA E A PÓS-MODERNIDADE

A pós-modernidade tem sido cada vez mais discutida, seja em seu âmago, seja em suas conseqüências, pelas ciências sociais. Diante de diversas discussões busca-se, neste trabalho, levantar reflexões da Geografia ao que Harvey (1999) denomina "Condição Pós-Moderna", através de análise das principais e mais influentes bibliografias que tratam desta questão, como também trabalhos geográficos, visando contribuir para o estudo das recentes e novas espacialidades e conseqüências sociais diversificadas.
No mundo contemporâneo vivemos uma nova realidade no espaço cultural, político e intelectual, ou apenas nos adaptamos às pequenas e constantes evoluções em nosso cotidiano. Independentemente da resposta a esta questão central, estes "novos tempos" trouxeram novos debates na ciência e, conseqüentemente, o acompanhamento e a contribuição dessa discussão pela Geografia.
Esta nova realidade que se coloca, considerada como a era da pós-modernidade, deve ter suas noções compreendidas na própria modernidade, uma vez que, até pela semântica, percebemos que uma teria relações temporais e/ou evolutivas a partir da outra. Faz-se importante, portanto, retratar as principais controvérsias deste período, que conforme Gomes (2007, p.53) é fundado pelas mudanças que se manifestaram no término do séc. XVII e no decorrer do séc. XVIII, correlacionadas ao iluminismo na Europa. Tais mudanças proporcionam influência mundial no século XX em diante, estabelecendo seu entrelaçamento com a construção e evolução do pensamento geográfico.
O que desencadeia, desde o definir ou o procurar entender o que vem a ser a modernidade, em complexos debates que permeiam afirmar a contemporaneidade como uma possível "pós-modernidade" ou não em um mundo conturbado e metamorfoziado.
As crises da modernidade são às crises do capitalismo e questionadas pelos movimentos contraculturais e antimodernistas a partir dos anos 60, são a cerne do pós-modernismo. Harvey (1999, p.9) afirma em sua obra Condição Pós-Moderna, examinar de forma simplificada os fundamentos político-econômicos, aprofundando depois a respeito da "experiência do espaço e do tempo como vínculo mediador singularmente importante entre o dinamismo do desenvolvimento histórico-geográfico do capitalismo e complexos processos de produção cultural e transformação ideológica" que culminam na condição pós-moderna.
Não é nosso objetivo aqui esgotar estas complexas questões, mas ao contrário, dar início a um debate ainda pouco difundido entre estudantes de Geografia, tentando, através da síntese e análise, trazer para a linguagem e o cotidiano dos nossos futuros alunos, uma possibilidade de contato, visando desenvolver a curiosidade, e despertar (quem sabe?) futuros pesquisadores e epistemólogos da pós-modernidade e suas novas espacialidades.

A PÓS-MODERNIDADE E A GEOGRAFIA.
Existe muita discussão a respeito da pós-modernidade na ciência, e na própria geografia, sendo várias correntes de discussão e tendências que procuram delimitar o debate pós-moderno, no que tange a relação dos conceitos pós-modernos na geografia, é possível detectar uma mudança grotesca nas práticas culturais e político-econômicas desde 1972, e esta mudança está "... vinculada à emergência de novas maneiras dominantes pelas quais experimentamos o tempo e o espaço" (HARVEY,1999, p.7). Portanto, enxerga-se este período do pós-modernismo como um período de transformações culturais.
Ocasionada diante da transformação político-econômica do capitalismo a partir do final do século XX, esta mudança ganha expressão na arquitetura e nos projetos urbanos das cidades, na transformação do fordismo para a acumulação flexível, e na compressão do tempo-espaço que formam a condição pós-moderna. Consideramos muito relevante a descrição de Harvey a respeito da passagem da modernidade à pós-modernidade quando analisa o pós-modernismo:
Começo com o que parece ser o fato mais espantoso sobre o pós-modernismo: sua total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico que formavam uma metade do conceito baudelairiano de modernidade. Mas o pós-modernismo responde a isso de uma maneira bem particular; ele não tenta transcendê-lo, opor-se a ele e sequer definir os elementos. O pós-modernismo nada, e até se espoja, nas fragmentárias e caóticas correntes da mudança, como se isso fosse tudo o que existisse (HARVEY, 1999, p.49).
Assim, podemos dizer que as crises e rupturas das correntes modernas são a origem e a sustentação do que vem a ser a pós-modernidade, a cerne do pensamento filosófico pós-modernista está em abandonar por inteiro o projeto do Iluminismo em defesa da emancipação humana, tendo no individualismo sua maior ação.
Percebe-se nestes debates o entrelaçamento da Geografia com a ordem no mundo, seja através da ciência, da sociedade ou pelas diversas manifestações da mesma. O que caracteriza a importância dos debates para a evolução do pensamento geográfico e demonstra, afinal que a ciência geográfica está viva, seja em momento de crise da ciência ou renovação da mesma. As controvérsias colaboram assim, para análises epistemológicas que motivam a avanços no pensamento, e enfim, a superação.
Portanto, enxerga-se este período do pós-modernismo como um período de transformações culturais. Por se tratar de uma situação contemporânea, presente, não é fácil elaborar uma visão crítica da pós-modernidade, por esta ainda não ser uma condição histórico-geográfica. Sendo assim, consideram-se de extrema importância os trabalhos que venham a confrontar e elucidar os diversos posicionamentos frente à pós-modernidade e, em especial, compreender como esta nova realidade pode influenciar e ser influenciada pelo pensamento geográfico

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES, Paulo César da Costa. Geografia da Modernidade. 6ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. 8ª ed. São Paulo: Loyola, 1999.
SALVI, Rosana Figueiredo. A Questão Pós-Moderna e a Geografia. Geografia. Londrina, v. 9, nº.2, p. 95-111, jul./dez., 2000.
SPOSITO, Eliseu Silvério. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico. São Paulo: UNESP, 2004.