terça-feira, 21 de agosto de 2012

PLANEJAMENTO DE CURSO DE GEOGRAFIA


DISCIPLINA: Geografia
PROFESSORA: Ligiéria Alves dos Santos
 SÉRIE: 6ª
 PLANEJAMENTO DE CURSO

1 JUSTIFICATIVA:
 A ciência geográfica, no seu contexto histórico, teve duas determinações básicas para sua sistematização: a necessidade de escolarização da sociedade, onde o estímulo ao patriotismo teve grande importância, assim como o interesse econômico de fazer-se um inventário dos recursos naturais e das possibilidades de mercado no Globo. Partindo desse pressuposto, pode-se identificar o estudo da Geografia como fator fundamental na formação do cidadão contemporâneo, visto que esta disciplina pode levar o discente a fazer uma viagem geográfica, partindo desde a compreensão do mundo até a concepção das atividades econômicas e a prestação de serviços.
Na ciência geográfica o ser humano é definido como alguém que busca o conhecimento, transformando o meio onde vive, ao mesmo tempo em que é por ele transformado, daí surge a necessidade de se buscar novos conhecimentos sobre o meio em que se se está inserido, destacando-se a importância dos aspectos sociais, considerando-os fundamentais à construção do conhecimento.

A escola nova tem como base a formação do educando para a vida, essa formação consiste na preparação inte­lectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade em que este está inserido. Partindo desse pressuposto, é possível perceber que a Geografiaassume, nos dias contemporâneos, um papel de suma importância para o desenvolvimento de procedimentos básicos para a formação de um cidadão crítico e ativo socialmente.

A geografia também está diretamente ligada às relações do ser humano com o mundo ecológico, fazendo com que os discentesbusquem uma visão holística acera da realidade em que vive o nosso planeta, considerando como fator principal para a melhoria do equilíbrio ecológico, o desenvolvimento sustentável, buscando assim, novas formas de se trabalhar a ecologia ligada ao meio ambiente. A geografia tende a ajudar o ser humano a se tornar um ser pensante e ativo na sociedade, contribuindo assim, para o processo de construção individual e coletiva da sociedade contemporânea.
A partir daí, é possível acontecer o processo ensino/aprendizagem de Geografia, possibilitando ao educando adquirir as competências e habilidades necessárias para o bom desenvolvimento intelectual e social do corpo discente.

            A escola construtivista tem o aluno como sujeito atuante e tem por finalidade principal, a formação do sujeito ativo. Aqui vê-se claramente essa escola, visto que o educador precisa se inserir em meio a uma sociedade que visa trabalhar a coletividade, buscando sempre meios que venham amenizar a situação ecológica em que se encontra o planeta Terra. Com a escola construtivista os discentes tem a oportunidade de se tornarem sujeitos ativos na sociedade, podendo transformar a mesma.


2. OBJETIVO GERAL

O Ensino de Geografiana6ª série do Ensino fundamental levará o aluno a:

2.1         Estudar e entender a ciência geográfica a partir dos diferentes sistemas que a compõem, observando-se a diversidade cultural dos povos, bem como as principais características do planeta Terra, juntamente com os componentes da natureza que nos rodeia, compreendendo assim as diversas paisagens que nos cercam a cada instante do cotidiano social.

2.2         Compreender a relevância de atitudes responsáveis com o meio em que vive, bem como os cuidados que se deve ter na preservação e manutenção da natureza, garantindo uma vida de qualidade, num ambiente preservado e saudável.


Nos objetivos acima descritos, podemos perceber a presença das escolas Tecnicista, Nova e Construtivista, pois os mesmos visam a formação de cidadãos, buscando-se formar os mesmos para a vida, tornando-se sujeitos ativos no desenvolvimento de suas tarefas cotidianas em meio à sociedade em que se está inserido.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

          O ensino da geografia deve procurar desenvolver nos educandos:
3.1  O pensamento crítico sobre sociedade e natureza, ampliando e construindo novos conceitos para os temas território e paisagem; utilizando diferentes representações cartográficas a fim de identificar e localizar as diferentes regiões que compõem o Brasil, bem como suas respectivas paisagens.

A escola que pode ser percebida nos objetivos acima citados, é a tecnicista, visto que a mesma pode levar o aluno a compreender e identificar mentalmente diferentes formas de localização no espaço geográfico, habilitando-o a utilizar com facilidade as diferentes formas de projeções cartográficas.


3.2 Os pensamentos acerca de um planeta ecologicamente equilibrado, procurando resolver situações-problemas do dia-a-dia, que estejam diretamente relacionados ao meio ambiente; inserindo no cotidiano do aluno a prática do desenvolvimento sustentável, com a finalidade de se criar relações de interação entre o ser humano e a natureza.
3.3 O pensamento geográfico, trabalhando sobre a população brasileira, levando em consideração as taxas de natalidade e mortalidade, bem como o fator da imigração que perpassa o nosso país; enfatizando ainda os processos de urbanização e industrialização do Brasil, levando os alunos a compreenderem também como está dividida a População Economicamente Ativa do país.
3.4 O pensamento crítico diante das situações em que se encontram as diferentes regiões do Brasil, considerando seus aspectos físicos e de natureza, proporcionando aos educandos uma visão holística acerca de cada região que compõe o nosso país, compreendendo como se dão as relações entre o homem e o meio na diversidade natural que faz parte dos recursos naturais do Brasil.

Nos objetivos elencados acima, podemos perceber a presença relevante das escolas Nova, Tecnicista e Construtivista, visto que ambas tem por finalidade ajudar na formação crítica do sujeito, transformando-o em um cidadão ativo. No pensamento geográfico, é urgente a necessidade de se trabalhar com pensamentos da escola nova, para assim buscar formar cidadãos ativos e criativos no mundo contemporâneo. Muito timidamente, também é possível ver a presença da Escola Tradicional, a partir da organização da vida metódica tanto do aluno quanto do professor.


4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO­­­­­­­­­­­­
4.1 O território brasileiro
Formação do território brasileiro; Extensão do território; Os limites territoriais; Expansão territorial; Localização do território brasileiro; Extensão latitudinal e as paisagens do Brasil; As longitudes e os horários no mundo; Extensão longitudinal e horários no Brasil; Regionalização do território

4.2 Brasil: regiões e políticas regionais
Regionalização do IBGE; Os complexos regionais; Políticas regionais no Brasil

4.3 Brasil: população
Quantos somos e onde vivemos; Pesquisas sobre população; Distribuição da população brasileira pelo território; Mudanças sociais, mudanças nos números da população; Pirâmide etária; Diversidade da população brasileira.

4.4 Os movimentos migratórios no Brasil
O que é migração e por que as pessoas migram; Migrações externas e internas.

4.5 A população e o trabalho no Brasil
População Economicamente Ativa (PEA) no Brasil; A PEA do Brasil nos setores da economia; A PEA e a distribuição da renda; O desemprego e seus fatores; Novas profissões; Os trabalhadores na economia informal; Mapa do trabalho infantil no Brasil.

4.6 Brasil: campo e cidade
Urbanização e industrialização do Brasil; População urbana no Brasil e no mundo; A urbanização e a industrialização brasileiras; O início da industrialização do Brasil; Concentração e desconcentração industrial; Rede urbana, problemas sociais e ambientes urbanos; Problemas sociais nas cidades; Problemas ambientais nas cidades.

4.7 Regiões do Brasil
Região Norte: apresentação e aspectos físicos; A presença da floresta Amazônica; O clima da região Norte; Aspectos do relevo; Exploração e ocupação da Região Norte; O desenvolvimento sustentável e as comunidades tradicionais
Região Nordeste: aspectos físicos; O clima e a vegetação do nordeste; A hidrografia e o relevo do nordeste; A indústria da seca; A transposição das águas do São Francisco; Nordeste: espaço geográfico atual; O crescimento econômico; Indicadores sociais do nordeste.
Região Sudeste: Aspectos físicos; A vegetação original e a sua devastação; O clima do Sudeste; Relevo e hidrografia da Região Sudeste; A ocupação do Sudeste; Sudeste: organização atual do espaço; Concentração econômica; Concentração populacional; A economia do sudeste; Região sudeste: ecossistemas e impactos ambientais.
Região Sul: Aspectos físicos; O clima da região Sul; A vegetação da Região Sul; Relevo e hidrografia da região Sul; A ocupação e a organização do espaço sulista; Aspectos da população da Região Sul; Traços europeus na população sulista; A economia da Região Sul.
Região Centro-Oeste: Aspectos físicos; Vegetação original e remanescente; Relevo e hidrografia; Aproveitamento econômico dos rios; Impactos ambientais no Cerrado e no Pantanal; Centro-Oeste: expansão do povoamento
O Maranhão, nosso Estado: Localização do território maranhense; Paisagem e vegetação do Maranhão; Clima e relevo maranhense; Organização política do Maranhão; Economia no Maranhão.

Os conteúdos acima distribuídos estão diretamente relacionados As escolas Tradicional, Tecnicista, Nova e Construtivista, pois os conteúdos são sempre mais ligados a todas as esferas de cada uma das escolas estudadas. Os conteúdos de qualquer que seja a disciplina estão sempre buscando a adequação aos currículos estabelecidos por cada instituição de ensino, dessa forma, em cada localidade onde se busca uma educação de qualidade, deve-se primar pelo zelo educacional dos conteúdos que devem ser trabalhados durante o ano letivo, e estes devem estar diretamente ligados à realidade dos discentes e docentes da sociedade em que se está inserido, visto que os conteúdos são bem mais abrangentes quando trabalhados a partir do meio onde o aluno vive cotidianamente.


4        METODOLOGIA

Para uma educação de qualidade, é necessário a utilização de metodologias de trabalham que envolvam todos os objetivos traçados, com a finalidade de alcançar de maneira satisfatória o bom desempenho dos conteúdos junto ao corpo discente da instituição escolar. Dessa forma, será possível trabalhar com metodologias de forma inovadora, onde o principal foco seja o processo ensino/aprendizagem de Geografia de forma a levar os discentes a compreenderem cada parte estudada dentro e fora da sala de aula.
As aulas serão expostas de forma dialogada e expositiva com a utilização de recursos como:livros, quadro, pincel, projetor multimídia etc.; utilizando-se ainda de Leitura, discussão e produção de textos, a partir de grupos de debate e discussão; também serão realizados Estudos dirigidos, a fim de aprofundar os conhecimentos já adquiridos nos conteúdos estudados, realizando-se seminários em grupo na perspectiva de se trabalhar o coletivo em sala de aula.
A Geografia é uma disciplina que nos ajuda nas diferentes formas de se trabalhar com alunos, pois ela nos possibilita o trabalho dentro e fora da sala de aula, assim, será possível a realização de pesquisa de campo, com visita in loco a algumas localidades do município, com a finalidade de entender melhor a partir da prática, os conteúdos estudados em sala de aula.
Finalmente utilizar-se-á ainda de cartazes, painéis e dinâmica de grupo, a fim de melhor motivar os discentes ao interesse e participação nas aulas de Geografia.


A metodologia utilizada nas aulas de Geografia, pode influenciar diretamente no processo ensino/aprendizagem dos discentes, visto que os mesmos podem sentir-se motivados no tocante à educação pessoal e do grupo de estudo. Por isso, pode-se mencionar que a pedagogia nova assume papel importantíssimo frente às adversidades da vida cotidiana, levando o aluno a tornar-se autor de sua própria educação, preparando-o não somente para a vida, mais para tornar-se sujeito de seu próprio aprendizado.

6 RECURSOS E MATERIAIS DIDÁTICOS:

Para o bom desenvolvimento das aulas de Geografia e para o fiel cumprimento dos objetivos estabelecidos nesse plano de ensino, é necessária a utilização de recursos e materiais didáticos que venham a facilitar o processo ensino/aprendizagem. Por isso, nas aulas de Geografia de 6ª série será possível a utilização de mapas, cartazes, globo terrestre, livro didático, pincel, jogos, quebra-cabeça de mapas e da flora e fauna brasileira, materiais recicláveis para a produção de oficinas de reciclagem ligadas ao desenvolvimento sustentável, notebook, projetor de imagens, filmes que estejam diretamente ligados aos assuntos trabalhados, aparelho de DVD, televisão, chamex e diversos outros materiais que venham a facilitar o processo ensino/aprendizagem de Geografia na teoria em sala de aula e na prática de campo com visitação in loco.

7 SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO:

As avaliações no campo geográfico, serão feitas a partir do conteúdo estudado em sala de aula e nas visitas de campo, através de apresentação de seminários de forma coletiva e também de apresentações individuais ligadas ao conteúdo em estudo; realizar-se-á ainda testes escritos de forma individual, pesquisas em grupos, trabalhos de oficinas de reciclagem, elaboração de projetos voltados para o desenvolvimento sustentável da comunidade local, etc. nas avaliações serão utilizadas metodologias inovadoras a fim de auxiliar os alunos no desenvolvimento cognitivo pessoal e coletivo,levando-o a perceber a importância dos conteúdos que foram propostospara a disciplina de Geografia.

Na forma de avaliação que será utilizada, novamente encontra-se presente as escolas nova e tradicional, visto que a escola nova surge com ênfase na formação do sujeito ativo para a vida em sociedade. Porém, ainda há a presença da pedagogia tradicional, na aplicação de testes escritos para os alunos. Mesmo com a presença da escola tradicional, é possível se avaliar os educandos a partir de pontos fundamentais que os levem à formação de sujeitos ativos, formadores de opinião própria. Nos testes escritos, serão elencadas questões na forma descritiva, levando o aluno a raciocinar e descrever o seu entendimento acerca do que se estudou dentro e fora da sala de aula, utilizando-se assim, ao mesmo tempo, da pedagogia tradicional e nova.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

AOKI, Virgínia. Geografia: Projeto Araribá.1 ed. São Paulo: Moderna, 2006.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: geografia: primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: MEC, 1997.
BROUSSEAU, Guy.  Introdução ao estudo das situações didáticas: conteúdos e métodos de ensino.  São Paulo: Atlas, 2008.
CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). A Geografia na sala de aula.8 ed. São Paulo: Contexto, 2009.
KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto.  Didática de geografia: memórias da terra: o espaço vivido.  São Paulo: FTD, 1996.

sábado, 11 de agosto de 2012

DISCUSSÃO SOBRE O PROJOVEM ADOLESCENTE


1 PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS ADOLESCENTES (PROJOVEM ADOLESCENTE)

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem - é um Programa destinado a jovens de 15 a 29 anos, que objetiva trazer à juventude uma política de intervenção numa perspectiva inovadora, onde aglutina a educação básica, a qualificação para o trabalho e a ação comunitária. É desenvolvido sob quatro eixos fundamentais da juventude: ProJovem Adolescente, ProJovem Urbano, ProJovem Campo e ProJovem Trabalhador, visando trabalhar de forma geral com todos os jovens necessitados do Brasil. O programa é regulamentado pela Lei Nº 11.692/2008.
Cada estação juventude conta com uma equipe de gestão, composta por um coordenador pedagógico, responsável pelo desenvolvimento das ações curriculares, um coordenador administrativo, que deverá articular e realizar as ações administrativas, bem como um profissional de apoio administrativo; uma equipe de educadores de formação básica (EFB), que é responsável pela coordenação do núcleo, pois os núcleos não possuem coordenador hierarquicamente superior aos docentes, cumprindo, também, duas diferentes funções na dinâmica curricular do ProJovem: como professor especialista, em todas as turmas, e como professor orientador de uma turma.
Além desses cinco docentes, cada núcleo conta com um educador de qualificação para o trabalho e um professor de ação social, assistente social, que deverá acompanhar a elaboração e a implementação do plano de ação comunitária, na qual deverão estreitar relações com a equipe de formação básica, de modo a facilitar a integração de todo o currículo.  Também os educadores de qualificação para o trabalho e os profissionais de ação social têm uma dupla função, embora de modo um pouco diferente dos EFB (Educadores de Formação Básica) em horários específicos, no núcleo e na estação juventude, atuam como especialistas das respectivas áreas, mas em outros momentos docentes, bem como nos processos de planejamento do núcleo e na formação continuada, atuam também como parceiros dos professores orientadores. A diferença é que orientam todas as turmas do núcleo, diretamente e por via da interação com o orientador de cada uma.
O ProJovem Adolescente é um dos quatro eixos do Programa Nacional de Inclusão de Jovens, lançado em setembro de 2007 pela Presidência da República, tendo como objetivos: Complementar a proteção social básica à família, criando mecanismos para garantir a convivência familiar e comunitária e criar condições para a inserção, reinserção e permanência do jovem no sistema educacional. A coordenação do ProJovem Adolescente destinada a jovens de 15 a 17 anos pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família ou em situação de risco social - será de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
O ProJovem Adolescente é um redesenho/reformulação do Agente Jovem, tomando como referência os resultados da pesquisa realizada no ano de 2006, bem como as diretrizes das Políticas de Juventude e de Assistência Social. O novo Serviço busca preservar os aspectos positivos detectados pela pesquisa e enfrentar seus principais desafios.
O programa integra serviço e transferência de renda, exigindo esforço de integração de todos os gestores (municipais, estaduais e federal). Os objetivos são fortalecer a família, os vínculos familiares e sociais. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Adolescentes e Jovens de 15 a 17 anos (Projovem Adolescente) tem por foco o fortalecimento da convivência familiar e comunitária, o retorno dos adolescentes à escola e sua permanência no sistema de ensino. Isso é feito por meio do desenvolvimento de atividades que estimulem a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para o mundo do trabalho.
O público-alvo constitui-se, em sua maioria, de jovens cujas famílias são beneficiárias do Bolsa Família, estendendo-se também aos jovens em situação de risco pessoal e social, encaminhados pelos serviços de Proteção Social Especial do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) ou pelos órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente.  Os jovens são organizados em grupos, denominados coletivos, compostos por no mínimo 15 e no máximo 30 jovens. O coletivo é acompanhado por um orientador social e supervisionado por um profissional de nível superior do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), também encarregado de atender as famílias dos jovens, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).
O Projovem deve também possibilitar o desenvolvimento de habilidades gerais, tais como a capacidade comunicativa e a inclusão digital, de modo a orientar o jovem para a escolha profissional consciente, prevenindo a sua inserção precoce no mercado de trabalho.
A metodologia prevê a abordagem de temas que perpassam os eixos estruturantes, denominados temas transversais, abordando conteúdos necessários para compreensão da realidade e para a participação social. Por meio da arte-cultura e esporte-lazer, visa a sensibilizar os jovens para os desafios da realidade social, cultural, ambiental e política de seu meio social, bem como possibilitar o acesso aos direitos e a saúde, e ainda, o estímulo a práticas associativas e as diferentes formas de expressão dos interesses, posicionamentos e visões de mundo dos jovens no espaço público.
O Projovem Adolescente articula três eixos estruturantes em seu traçado metodológico:
1.                  Convivência Social
2.                  Participação Cidadã
3.                  Mundo do Trabalho
E seis temas transversais relacionados à juventude:
1.      Direitos humanos e socioassistenciais
2.      Trabalho
3.      Cultura
4.      Meio ambiente
5.      Saúde
6.      Esporte e Lazer
A carga horária total do Projovem Adolescente é de 1200 horas, distribuídas em dois ciclos anuais, com 12,5 horas semanais de atividades para os jovens. Para subsidiar as equipes profissionais que executam o Projovem Adolescente o MDS disponibiliza um kit com oito cadernos com orientações teóricas e práticas sobre a estruturação e o desenvolvimento do Serviço Socioeducativo que podem ser acessados pelo endereço eletrônico: www.mds.gov.br/suas/guia_protecao/projovem.
As atividades são constituídas por encontros e oficinas desenvolvidos em horários compatíveis com a frequência à escola.
As ações socioeducativas do Projovem Adolescente apresentam-se em duas modalidades distintas, a saber:
Encontros – São definidos como espaços de pesquisa, estudo, reflexão, debates, ação e experimentação, a partir de temas transversais como direitos humanos e socioassistenciais, trabalho, cultura, meio ambiente, saúde, esporte e lazer. Além disso, os encontros são uma oportunidade para avaliação e sistematização da participação dos jovens no Serviço Socioeducativo.
Oficinas – São definidas como espaços de promoção e acesso à cultura, ao esporte e às práticas lúdicas, estimulando a criatividade, contribuindo para a integração dos temas trabalhados e para o compromisso dos jovens com o Serviço.

O Público do Projovem Adolescente são jovens de 15 a 17 anos:
·                selecionados dentre as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (2/3);
·                jovens em situação de risco, independentemente de renda, encaminhado pelo CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), Conselho Tutelar ou Ministério Público (egressos ou sob medida de proteção, sob medida socioeducativa em meio aberto ou egresso de medidas socioeducativas de internação ou semiliberdade), egressos do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil ou de Programa de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual).
·                A seleção dos jovens deve prever a inclusão do jovem com deficiência.

Concepção:
O ProJovem Adolescente é um Serviço socioeducativo continuado de Proteção Básica de Assistência Social, entendido como direito.
·                     Afiança a segurança de convívio e promove o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
·                     Favorece o protagonismo dos jovens.
·                     Tem como pilares a Matricialidade socio-familiar e territorialidade da oferta.
O Serviço deve ser ofertado no território de abrangência do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) e a ele referenciado. O trabalho com as famílias dos jovens será de responsabilidade dos técnicos do CRAS assim como o acompanhamento de famílias em descumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família.

Pré-Condições para a implantação do Projovem Adolescente:
·                     O município estar habilitado em gestão básica ou plena do SUAS (Sistema Único de Assistência Social);
·                     Demanda mínima de 40 jovens de 15 a 17 anos, de famílias beneficiárias do PBF (Programa Bolsa Família) no CadÙnica (Cadastro Único para Programas Sociais);
·                     Ter o CRAS em funcionamento.
·                     Antes de iniciar a implantação, os municípios farão adesão ao ProJovem Adolescente, por meio de instrumento eletrônico disponibilizado pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fomes) no SUASWEB (site criado pelo MDS).

2 ANÁLISE DO FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS ADOLESCENTES (PROJOVEM ADOLESCENTE) NA CIDADE DE ESPERANTINÓPOLIS-MA/BRASIL

            O PROJOVEM iniciou-se em Esperantinópolis no ano de 2008, com o envolvimento de inicial de cerca de 40 (quarenta) jovens, onde atualmente participam somente 20 (vinte) adolescentes sendo acompanhados por uma equipe de 04 (quatro) orientadores, sob a coordenação da psicóloga Julymarie Piauilino, com a supervisão do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Sendo este um programa destinado às famílias que possuem o benefício do Bolsa Família, o mesmo conta com o auxílio de alguns profissionais da educação, sendo estes, envolvidos cada um, de acordo com suas respectivas áreas de formação.
            De acordo com pesquisa realizada junto aos adolescentes que participam do PROJOVEM na cidade de Esperantinópolis, foi possível perceber que o programa ainda não funciona, na prática, como prevê o projeto federal, já que, como mencionaram alguns jovens, “todo programa do governo tem seu início com bastante entusiasmo, tanto por parte dos coordenadores quanto do público participante, porém, no decorrer do seu desenvolvimento, o mesmo acaba enfraquecendo-se, perdendo o brilho e o desejo na continuação do trabalho”.
            Alguns adolescentes frisaram que na cidade de pesquisa, o PROJOVEM tem suas turmas iniciais sempre superlotadas, com os adolescentes muito entusiasmados no trabalho do programa, porém, de acordo com o avanço dos dias e das atividades, essa situação se inverte, passando-se as turmas a um número reduzido de adolescentes frequentando os encontros e oficinas promovidos pela coordenação do projeto. Os encontros e oficinas são realizados sempre na Secretaria Municipal de Assistência social, sob a coordenação e supervisão da Assistente Social do Município.
            Durante o acompanhamento dentro do projeto, alguns adolescentes disseram que os alunos (adolescentes) são bem auxiliados e orientados para o uso diário na sociedade dos conteúdos debatidos nos encontros. Foi possível descobrir também, com a pesquisa realizada, que, além de serem instruídos para a vida em sociedade, os jovens adolescentes também são avaliados ao final de cada módulo do projeto, com o objetivo de se analisar como anda o desenvolvimento social e pessoal dos orientandos dentro do programa em que estão inseridos.
            Os orientandos podem contar com o auxílio de pedagogos, que buscam mostrar aos adolescentes qual a melhor forma de se auto conhecer, visto que, no programa, o autoconhecimento é um fator de grande relevância para o trabalho e o convívio em sociedade e no seio familiar.
            As aulas são ministradas sob duas formas distintas: de forma teórica e de forma prática, para que as turmas possam aprender de forma convincente as mais variadas formas de expressão, podendo colocar em prática o conteúdo estudado teoricamente. Ainda na sala de aula do PROJOVEM, os adolescentes aprendem a trabalhar em grupo e a se submeterem às mais diversas divisões de materiais que são utilizados nos encontros e oficinas realizados dentro do programa. Segundo alguns adolescentes entrevistados, o trabalho em grupo favorece a convivência familiar dos adolescentes e ainda os estimula a terem um convívio social de forma harmônica.
            No questionário aplicado aos adolescentes do programa, alguns mencionaram que todos os jovens adolescentes que fazem parte do PROJOVEM ADOLESCENTE, são vistos e tratados de forma igualitária, favorecendo assim, a diminuição da discriminação social existente nos dias contemporâneos. Dessa forma, os jovens são ensinados a verem todos os seres como humanos e iguais, sem distinção de raça, religião ou status social.
            Os orientadores procuram sempre está acompanhando seus alunos bem de perto, o que, segundo eles, ajuda muito na relação orientador x orientando.
            Para a realização dos encontros, oficinas e atividades desenvolvidas no espaço do programa, é estipulado um horário para a realização de cada atividade, visto que isso é de suma importância para os alunos, auxiliando-os na aprendizagem do trabalho com estipulação de tempo pra início e término; isso também ajuda a torna-los mais comprometidos com o que se propõem a realizar, visto que os mesmos tem tempo estipulado para a realização de cada atividade sugerida.
            Um fato interessante que foi possível descobrir com a pesquisa, é que cada participante do PROJOVEM, em qualquer uma das modalidades oferecidas (PROJOVEM ADOLESCENTE, PROJOVEM URBANO, PROJOVEM CAMPO e PROJOVEM TRABALHADOR), recebem um benefício do Governo Federal no valor de R$ 33,00 para servir de entusiasmo e incentivo para o JOVEM durante a sua participação no projeto, o que de certa forma, faz com que o adolescente permaneça por mais tempo no programa, já que o mesmo geralmente não tem nenhuma fonte de renda.
            Dentro da grade institucional, os alunos têm aulas de diferentes modalidades, senda elas: artesanato, dança, teatro, palestras, espaços de convivência social, dentre outras; sendo que para cada modalidade há um orientador diferente, de acordo com sua área de atuação.
            De acordo com os adolescentes entrevistados, nas aulas de teatro, os alunos interagem de forma geral, uns com os outros, aumentando os vínculos afetivos entre os mesmos, inibindo, dessa forma, as possíveis desavenças que ocorrem no dia-a-dia do convívio em sociedade.
            Durante as aulas de dança, os orientandos aprendem os mais variados ritmos da música brasileira e mundial, favorecendo assim, o aumento do conhecimento cultural dos alunos acerca da música e dança, aprendendo a bailar até mesmo no teatro da existência de cada um.
            Já na parte de artesanato, foi mencionado pelos adolescentes, que estes são auxiliados e orientados no uso dos mais variados materiais artesanais, onde é frisado de forma contínua, o uso da reciclagem e o reaproveitamento de materiais de trabalhos construídos anteriormente, ensinando dessa forma, que o planeta precisa de cuidados ecológicos urgentes. No artesanato, além de aprenderem a produzir belas peças artesanais, os alunos aprendem também como lidar com as mais diversas situações ecológicas que surgem no dia-a-dia de cada um.
            Com esses encontros e oficinas que são realizados no espaço do Programa Nacional de Inclusão de Jovens Adolescentes, todos os alunos adquirem as habilidades necessárias, de acordo com a vontade de cada um, para fazerem da diversão uma fonte de renda para ajudar na sobrevivência da família, sob as mais variadas formas de trabalhos, desde que os mesmos sintam-se felizes na realização dos mesmos.
            Os adolescentes participantes do programa são sempre convidados a exporem seus trabalhos em espaços de convivência familiar e social, ajudando assim no conhecimento de suas produções para a sociedade em que está inserido. Nessa exposição, tudo o que foi produzido pelos jovens participantes do programa fica exposto visivelmente em espaços onde seja possível a visitação dos familiares e amigos convidados a prestigiarem esse momento de lazer e reconhecimento para os alunos do programa.
            As oficinas de trabalhos com os adolescentes são construídas diariamente sob orientação dos mais diversos profissionais, aumentando a capacidade de criatividade dos orientandos, o que os deixa entusiasmados para frequentarem o programa até a sua finalização no tempo estipulado pelo Governo Federal em parceria com o Governo Municipal.
            Os adolescentes descreveram que após a finalização dessa etapa (PROJOVEM ADOLESCENTE), os mesmos passam à modalidade seguinte (PROJOVEM CAMPO, PROJOVEM URBANO OU PROJOVEM TRABALHADOR), dependendo da faixa etária e da localização dos mesmos no município, visto que o programa é um projeto contínuo que visa atender os jovens incluídos nas faixas etárias de 15 a 29 anos, buscando inseri-los de forma correta dentro da sociedade em que vivem, fazendo-os buscarem um melhor equilíbrio no convívio familiar e social.
            Alguns dos jovens entrevistados ressaltaram que o PROJOVEM ADOLESCENTE e também na sua forma geral, incluindo as quatro modalidades, é um projeto de grande valia para o Brasil, visto que o mesmo vem demonstrando, dia-a-dia, que os governos Federal, Estadual e Municipal ainda estão preocupados com as mais diversas formas de sobrevivência dos adolescentes e jovens desse país, pois, além de ajudar a preparar os jovens para o convívio em sociedade, esse programa também os ajuda a capacitarem-se para o mercado profissional.

3 ANÁLISE CRÍTICA DO PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSÃO DE JOVENS ADOLESCENTES DE ESPERANTINÓPOLIS/MARANHÃO/BRASIL

            O Programa Nacional de Inclusão de Jovens Adolescentes (PROJOVEM ADOLESCENTE) é um projeto do Governo Federal brasileiro, que, como a maioria dos programas criados, tem um objetivo amplo, envolvendo principalmente o resgate de valores sociais da juventude e a melhoria do convívio social e familiar de cada jovem envolvido no projeto.
            De certa forma, pode-se mencionar que, se os objetivos do programa fossem cumpridos na íntegra, com certeza, muita coisa mudaria, a juventude seria mais amável, saberia conviver de forma harmoniosa, não haveria tanta droga, suicídio de jovens e tanta violência que assola a juventude dos dias contemporâneos.
            O que se vê, de fato, é que o PROJOVEM ADOLESCENTE, está implantando na cidade de Esperantinópolis, porém, não como deveria estar na íntegra, pois a princípio, o programa prevê o acompanhamento de jovens entre 15 e 29 anos, bem como de suas respectivas famílias, mais o que se vê no local de pesquisa, é que esse acompanhamento é realizado somente com os jovens adolescentes, suas famílias, de certa forma, ficam de fora do programa, o que não deveria acontecer, já que este prevê a inclusão não somente do jovem, mais de toda a sua família.
            A funcionabilidade do PROJOVEM ADOLESCENTE em Esperantinópolis ainda é precário, pois foi possível perceber que há falta de matéria didático apropriado para as oficinas e atividades realizadas durante os encontros com os adolescentes. O material, que deveria ser fornecido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, na maioria das vezes, é produzidos pelos próprios professores atuantes no programa, o que já traz um certo desfalque à plena concretização do projeto.
            O PROJOVEM ADOLESCENTE, além do trabalho com os adolescentes no ambiente propício à realização das atividades propostas pelo programa, também prevê momentos de visitação e encontros com os familiares dos jovens envolvidos no projeto, a fim de favorecer melhor os laços afetivos familiares e sociais de toda a família envolvida, não apenas dos jovens, porém, essas visitas e encontros não acontecem dentro do planejamento do programa, dessa forma, deixando a desejar na plena realização do projovem.
            Outro fator que foi possível observar, é com referência à renda que é destinada aos jovens que participam do programa como incentivo aos mesmos. Diante da situação de pobreza que vive grande parte das famílias do município de Esperantinópolis, essa renda se torna não apenas um incentivo ao jovem, mais um complemento para a sobrevivência dos mesmos juntamente com suas famílias.
            Com essa pesquisa foi possível conhecer de perto a realidade de muitos dos nossos jovens. E, seria interessante que nós, como cidadãos, começássemos a repensar o modelo atual de sociedade que queremos, é hora de nos humanizarmos mais e juntarmos nossas forças para juntos trabalharmos na melhoria da nossa sociedade. É possível afirmar que os jovens são o princípio de uma sociedade melhor. E o princípio só se dá a partir da educação.


REFERÊNCIAS

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL.  ProJovem Adolescente. Disponível < http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/servicos/projovem > Acesso 20 nov 2011.

BRASIL. Lei Nº 11.692, de 10 de junho de 2008.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

GLOBALIZAÇAO SEGUNDO IANNI, GIDDENS E SANTOS



             Os autores Ianni, Guiddens e Santos, mostram a globalização em contextos de caráter semelhantes, já que esta se encontra presente na realidade e no pensamento de todos os indivíduos, desafiando a muitos em todo o mundo, visto que o mundo é o que se vê de onde se está.
            É possível dividir a globalização em três etapas, sendo a primeira conhecida como a “globalização do colonialismo”, sendo fortemente marcada pela ocupação territorial; a segunda fase é a da fragmentação dos territórios, obtendo destaque no final do século XX; e finalmente, a “globalização do século XX”, popularmente conhecido como o período das revoluções tecnológicas, fator que marcou profundamente o desenvolvimento da globalização nos dias contemporâneos.
            Para Ianni, a globalização é um fator que desafia a muitos, pois apesar das vivências e opiniões de uns e outros, a maioria da população reconhece que este fenômeno é uma problemática que está presente na sociedade atual, mediante a forma em que se desenha o novo mapa do mundo, tanto na realidade quanto no imaginário de cada cidadão.
            Assim, os horizontes que se abrem com a globalização, em termos de integração e fragmentação, podem abrir novas perspectivas para a interpretação do presente, a releitura do passado e a imaginação do futuro.
            As ideias de Ianni colocam em evidência algumas metáforas que são produzidas pela reflexão e imaginação desafiadas pela globalização. O autor salienta que com a globalização, o mundo começou a ser conhecido de várias formas, como: “aldeia global”, “fabrica global”, “cidade global”, “nave espacial”, “nova babel”, dentre algumas outras expressões. Para o autor, essas são metáforas razoavelmente originais, utilizadas para descobrir as transformações do final do século XX.
            A partir dessas ideias, Ianni conceitua a globalização como sendo uma economia-mundo, sistema-mundo, onde todas as relações sociais, políticas, culturais, econômicas estão interligadas umas com as outras.
            À medida em que se desenvolve o texto, segue-se alguns conceitos chaves de cada uma das metáforas elucidadas por Ianni, descritas a seguir.
            A aldeia global vem mostrar que finalmente formou-se uma comunidade mundial, concretizada nas realizações e nas possibilidades de comunicação, informação e confabulação abertas pela eletrônica. Essa metáfora sugere que está em curso a harmonização e a homogeneização progressivas. Ela se baseia principalmente na convicção de que a organização, o funcionamento e a mudança da vida social, em sentido amplo, compreende evidentemente a globalização, estão ocasionados pela técnica e, neste caso, também pela eletrônica. Assim, conclui o autor, em pouco tempo, as províncias, nações e regiões, assim com as culturas e civilizações, são permeadas e articuladas pelos sistemas de informação, comunicação e confabulação agilizados pela eletrônica.
            É possível identificar ainda na aldeia global, além dos bens convencionais nas formas antigas e atuais, se embalam e se vendem as informações. Se fabricam informações como bens Estas são fabricadas e comercializadas em escala mundial. Concluindo-se que a aldeia global implica a ideia de comunidade global, mundo sem fronteiras.
            Já a fábrica global sugere uma transformação quantitativa e qualitativa do capitalismo, mais além de todas as fronteiras e subsumindo formal ou realmente todas as outras formas de organização social e técnica do trabalho e da reprodução ampliada do capital. Nessa metáfora, toda economia nacional, seja qual for, se volta província da economia global. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital, se desenvolvem em escala mundial.
            Partindo desse pressuposto, é possível salientar que a fábrica global se instala além de qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Dessa forma, acompanhada pela publicidade, pelos meios impressos e pela eletrônica, a indústria cultural, mesclada em periódicos, revistas, livros, programas de radio, redes de computadores e outros meios de comunicação e informação dissolvendo fronteiras, agiliza os mercados e generaliza o consumismo.
            Finalmente, Ianni salienta que a fábrica global é tanto uma metáfora como também uma realidade, haja visto que a realidade da fábrica da sociedade global, é altamente determinada pelas exigências da reprodução ampliada do capital.
            Uma terceira metáfora apresentada por Ianni, diz respeito à “nave espacial”, esta sugere uma viagem entre o conhecido e o desconhecido. Dessa forma, a metáfora da nave espacial pode muito bem ser um emblema de como a modernidade se desenvolve ao longo do século XX, preanunciando o XXI. Leva consigo a dimensão pessimista introduzida na utopia-nostalgia escondida na modernidade. Foi neste período que a máquina expulsou o maquinista. De acordo com Ianni, a decadência do indivíduo, é uma conotação surpreendente da modernidade em épocas de globalização. A partir das ideias do autor nessa metáfora, identifica-se que a tecnicidade das relações sociais, em todos os níveis, se universaliza, tornando-se relações técnicas, sem muito contato pessoal.
            O autor enfatiza ainda que por trás da metáfora da nave espacial, se esconde a da “torre de babel”. A nave pode ser babélica, pois traz consigo um espaço caótico, tão babélico que os indivíduos, singular e coletivamente, têm dificuldade para compreender que estão extraviados, em decadência, sujeitos à dissolução, visto que no início, tudo estava em ordem na torre de babel, e ao final, tudo se confunde, se individualiza.
            De acordo com Ianni, a babel escondida na nave espacial pode revelar ainda mais claramente o que há de mais trágico na maneira em que se dá a globalização, criando economias desiguais, cidadãos subjugando-se mais imponentes que outros, etc.
            De repente, nessa nave espacial, uma espécie de babel-teatro-mundo, se instala um patético surpreendente e fascinante. Arrasta a uns e outros em uma travessia sem fim, com destino incerto, que corre o risco de seguir pelo infinito.
            Vistas assim, como emblemas da globalização, as metáforas se voltam traços fundamentais das configurações e dos movimentos da sociedade global. Para o autor, talvez se possa dizer que as metáforas produzidas nos horizontes da globalização entram em diálogo umas com as outras para explicar o real sentido da globalização nos dias contemporâneos. Afirma-se ainda, que a sociedade global é o novo objeto de estudo das ciências sociais.
            E finalmente, conclui o autor, com duas ideias-conceitos centrais da globalização, evidenciados a seguir: “A globalização pode ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial que ligam localidades distantes de tal maneira que os acontecimentos de cada lugar são modelados por eventos que ocorrem a muitas milhas de distancia e vice-versa”. Assim, a transformação local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais por meio do tempo e do espaço. O segundo conceito-chave de globalização evidencia que “a globalização se refere a todos os processo por meio dos quais os povos do mundo são incorporados a uma única sociedade mundial, a sociedade global. Globalismo é uma das forças que atuam no desenvolvimento da globalização”. (IANNI, 1996).
            Já no texto de Guiddens, o autor afirma que a modernidade é intrinsecamente globalizadora. Para este, a mundialização se refere principalmente ao processo de alargamento dos métodos de conexão entre diferentes contextos sociais ou regionais que se convertem em uma rede ao longo de toda a superfície da terra.
            Paradoxalmente ao autor Ianni, Guiddens afirma que a mundialização pode, portanto, definir-se como a intensificação das relações sociais em todo o mundo, de tal maneira que os acontecimentos locais estão configurados por acontecimentos que ocorrem a muitos quilômetros de distância ou vice-versa. Assim, a transformação local é parte da mundialização e da extensão lateral das conexões através do tempo e do espaço.
            O autor menciona ainda que ao mesmo tempo que as relações sociais se estendem lateralmente, e como parte do mesmo processo, pode-se observar a intensificação das pressões que reivindicam a autonomia local e a identidade cultural regional, já que a mundialização é também a influencias de processos desiguais de desenvolvimento.
            Guiddens cita ainda uma possível divisão do sistema mundial moderno, dividindo-se em três componentes: o núcleo, a semiperiferia e a periferia, ainda que o lugar em que cada um deles se situa varia com o tempo. Ao final do século XX, quando praticamente se tem desaparecido o colonialismo em sua forma original, a economia capitalista mundial continua implicando diretamente os enormes desequilíbrios existentes entre o núcleo, a semiperiferia e a periferia.
            Desta maneira, Guiddens universaliza quatro dimensões da globalização, sendo: Economia capitalista mundial; Sistema de estado nacional; Ordem militar mundial; e Divisão Internacional do Trabalho. Estas dimensões estão diretamente ligadas ao desenvolvimento industrial do planeta iniciado a partir do final do século XX.
            O autor enfatiza que uma das principais características das implicações globalizantes da industrialização é a difusão mundial da maquinaria tecnológica. O impacto do industrialismo não está simplesmente limitado à esfera da produção, mas afeta muitos aspectos da vida cotidiana e exerce também uma decisiva influencia sobre o caráter genérico da interação humana com o entorno material.
            Finalmente Guiddens conclui: as tecnologias mecanizadas da comunicação tem influenciado profundamente em todos os aspectos da mundialização desde a introdução da imprensa na Europa, e forma uma elemento essencial de reflexão da modernidade e das descontinuidades que tem arrancado o mundo moderno do tradicional. (GUIDDENS, 1990).
            Quando se trata de Santos, ao abordar sobre o tema globalização, este relata que estamos frente a um fenômeno multifacético, de dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais, religiosas e jurídicas, relacionadas entre si de modo completo, pois para este, a globalização é um vasto e intenso campo de conflitos entre grupos sociais, estados e interesses hegemônicos por um lado, e grupos sociais, estados e interesses subalternos por outro.
            Santos enumera alguns tipos de globalização, como:
A globalização econômica e o neoliberalismo – onde as economias nacionais devem abrir-se ao mercado mundial e os preços domésticos devem adequar-se forçosamente aos preços internacionais. A globalização econômica é sustentada pelo consenso econômico neoliberal, cujas três principais inovações institucionais são: as restrições drásticas à regulação estatal da economia; os novos direitos de propriedade internacional para investimentos estrangeiros, invenções e criações suscetíveis de entrar dentro da regulação da propriedade intelectual; a subordinação dos estados nacionais às agencias multilaterais, tais como o Banco Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do comércio.
A globalização social e as desigualdades – onde o sistema mundial tem sido sempre estruturado como um sistema de classes, onde hoje está emergindo uma classe capitalista transnacional. Seu campo de reprodução social é o globo, o qual sobrepassa facilmente as organizações nacionais de trabalhadores, criando sociedades economicamente desiguais. No campo da globalização social, o consenso liberal diz que o crescimento e a estabilidade econômica se fundamentam na redução dos custos salariais.
A globalização política e o estado-nação – o estado-nação parece haver perdido seu centralismo tradicional como unidade privilegiada de iniciativa econômica, social e política. A intensificação de interações que transcendem as fronteiras e as práticas transnacionais afetam a capacidade do estado-nação para conduzir ou controlar o fluxo de pessoas, de bens, de capitais ou de ideias, tal como fez no passado.
Santos afirma que outro tema importante nas análises das dimensões políticas da globalização é o papel crescente das formas de governo supraestatal.
Há ainda a globalização cultural, que adquiriu uma especial importância com o chamado giro cultural da década de oitenta, fazendo com que todas as culturas pudessem interligar-se umas com as outras, de certa forma, perdendo-se parte da identidade regional de cada país.
O autor ainda coloca no texto duas formas de globalização, sendo a primeira conhecida como “localismo globalizado”. Este se define como o processo pelo qual um determinado fenômeno local é globalizado com êxito. A segunda forma de globalização se chama “globalismo localizado”. Se traduz no impacto específico nas condições locais, produzido pelas práticas transnacionais que se desprendem dos localismos globalizados.
Finalmente, Santos conclui, mostrando-nos os graus de intensidade da globalização, primeiramente conceituando-a como sendo o conjunto de relações sociais que se traduzem na intensificação das interações transnacionais globais. Partindo daí, o autor propor dois níveis da mundialização: “globalização de alta intensidade”, que é aplicada aos processos rápidos, intensos e relativamente monocasual de globalização, tende a dominar naquelas situações em que os intercâmbios aparecem muito desiguais e as diferenças de poder são grandes. E “globalização de baixa intensidade”, que tende a dominar naquelas situações onde os intercâmbios são menos desiguais, quando as diferenças de poder entre países, interesses ou práticas situadas detrás de conceitos alternativos de globalização são pequenos. SANTOS (2003).
Como visto nos textos estudados, cada autor tem seu ponto de vista sobre o tema globalização, porém, ambos sempre convergem para um ponto comum, conceituando-a de formas bem semelhantes.

REFERÊNCIAS
GIDDENS, Anthony. Consecuencias de la modernidad. Alianza Editorial, 1993.
IANNI, Octavio. La sociedad global. s/d
SANTOS, Boaventura de Sousa. La caída del angelus novus: ensayos para una nueva teoría social y una nueva practica politica. s/d.


Autor: Ligiéria Alves dos Santos