Indiferentes, fomos nos acostumando a não enxergar as pessoas, nem a fome, a miséria, o desemprego, a Aids que moram com muita gente que está ao nosso lado. A realidade que nós vivemos, a falta de horizonte para os jovens, exige de nós uma atitude. Não podemos achar normal assistirmos a cenas de fome e de dor no meio da riqueza.
A solidariedade nos diz: pertencemos a um conjunto. O que acontece a alguém, de alguma forma, acontece conosco ou se reflete na nossa vida. Muito da apatia e da insensibilidade diante da exclusão social, que leva as pessoas a verem os problemas dos pobres e problemas estruturais da sociedade como problemas dos (as) "outros (as)", tem a ver com a incapacidade de ver as relações de interdependência entre todas as pessoas e grupos.
em resumo, as pessoas excluídas estão dentro do mesmo território; da mesma sociedade e do alcance dos meios de comunicação que socializam a cultura e os desejos de consumo. Mas, ao estarrem excluídos (as) do mercado de trabalho, estão excluídos (as) do mercado consumidor e das relações sociais reconhecidas pela sociedade.
Estar excluído (a) do consumo não significa somente ter dificuldades em satisfazer as necessidades básicas. Mas também dificuldades na construção da identidade e no relacionamento com outros grupos sociais. Em uma "cultura do consumo", como a que estamos vivendo, o que uma pessoa consome é um elemento importante na definição da pertença a um grupo e na diferenciação em relação a outras pessoas e/ou grupos. Muitos grupos e turmas de jovens são formados a partir do compartilhar os mesmos gostos e padrões de consumo. Assim, estar excluído significa ter uma baixa auto-estima e estar fora das relações sociais que são reconhecidas pela sociedade.
A figura do (a) excluído (a) entra nas nossas vidas como uma "perturbação", seja através das cenas que passam na TV ou das pessoas que cruzamos pelas ruas.
Pertuba-nos porque nos embaraça e incomoda. é também, uma perturbação que pode nos desinstalar, obrigando-nos a uma mudança ou exigindo uma resposta no sentido de dar uma explicação que permita integrar esta experiência na nossa maneira de ser, viver e olhar o mundo.
Muitas vezes fazemos listas de ações e de objetivos para transformar a nossa vida. Pensamos em novas propostas e atitudes que conduzam ao nosso bem-estar interior. Podemos não devemos perder de vista que a felicidade é o resultado de atitudes simples que fazem a diferença não só em nós como também no meio em que vivemos. Participar da comunidade, ajudar outras pessoas ou contribuir para a melhoria do bairro, da cidade e do país é também um meio de crescimento e de realização.
Por: Rui Antônio de Souza
Jornal Mundo jovem, Ano XLIV, nº 371/ outubro de 2006.
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